A Marcha, a Causa e os Críticos.


Hoje participei da Marcha Contra a Corrupção. Pessoalmente, acho muito saudável o exercício de escrever as minhas impressões sobre o evento. Então vamos lá...

A Marcha

São 6h da manhã. Acordei antes do despertador. Uma olhada na previsão do tempo, possibilidade de precipitação de 100%. Olho pela janela e o pensamento é inevitável: “Vai cair muita água e vai dar tudo errado”. Cheguei ao local marcado 7h30, uma hora antes do combinado. Não havia ninguém por lá, embora quase 500 pessoas tivessem “confirmado” presença.

Os amigos e os desconhecidos aos poucos vão chegando, as faixas se desenrolam, a imprensa conversa com as pessoas e a Guarda Municipal se posiciona. Depois de uma hora de concentração partimos, todos convictos do propósito e sensíveis ao significado de estarmos ali. Não nos importa os que não foram. O que nos interessa é o senso de responsabilidade e o sentimento de não estarmos escravizados pela alienação e nem anestesiados pela indiferença. 

Em poucos minutos estamos em frente à Câmara Municipal. A casa do povo, o lugar onde nós deveríamos depositar a confiança de que seus partícipes trabalhariam dia e noite para a promoção do bem comum e pelo interesse coletivo. Infelizmente essa é a utopia, a realidade é que paramos ali como quem para em uma sepultura, estamos presenciando a morte da confiança nas nossas próprias instituições. E nessa hora, o meu sentimento de indignação e revolta é misturado com a esperança de presenciar ainda em vida (e olha que eu só tenho 23 anos) o rompimento com essa crise que tem sido a pedra no meio do caminho brasileiro.

Passamos pela Av. Brasil, paramos em frente ao local onde deveria existir uma Bandeira da Nação. A falta da Bandeira no mastro em pleno 21/04 é emblemática. É pra mim o sinal de que os símbolos responsáveis pela manutenção dos nossos laços nacionalistas estão perdendo seu significado. Após insistirmos, um dos colegas de marcha ergue sua Bandeira. Olhos firmes Nela, faixas apontadas para os carros e ônibus que passavam e desafinados entoamos o Hino Nacional. Hino que em outros tempos foi instrumento de separação entre a Coroa e o povo e serviu como prova de lealdade aos militares, para nós significou mais do que um ritual obrigatório em jogos da Seleção ou na inauguração de monumentos públicos, significa a existência de causas que ainda nos unem. Compromissos coletivos que ainda nos fazem sair da frente do computador, nos fazem levantar da cama em um feriado e ir às ruas.

A Causa e os Críticos

A Marcha termina com mais uma concentração na Praça do Mitre,  muita empolgação pra mostrar aos passantes que nós não estamos aqui a passeio, sabemos que a mudança acontece quando nós mudamos primeiro. Alguns vão dizer que “não adianta”, “que não contribui para o processo”, “que é tempo perdido”. Mas a minha convicção me diz que é desonesto e incompleto o protesto restrito ao sofá da minha casa, ao Like e ao RT. É sacanagem com o Brasil eu achar que por compartilhar uma frase de efeito na internet eu estou fazendo minha parte. 


Saibam senhores críticos, que vocês não arrefecem nem um pouco nosso sentimento de estarmos fazendo algo além de meramente reclamar. Com uma crítica irreflexiva, oportunista e interesseira vocês apenas contribuem para solidificar nossa convicção de que fizemos o que é certo. 


Acontecerão muitas outras manifestações como a de hoje! Não pelo protesto ensimesmado, mas porque é nosso dever dizer a quem quiser ouvir e principalmente aos corruptos: Não somos coniventes e não aceitamos que roubem aquilo que é nosso e muito menos que se apropriem da esperança que temos de ver e fazer um Brasil diferente. E saibam desde já senhores corruptos: nosso protesto maior já está marcado para o dia 07/10/2012, e vocês não vão se sair bem. 

Ps: Pra quem não foi esperando a chuva, a marcha terminou com sol e um céu lindo!

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